A Religião dos Patifes e dos Estúpidos
A Religião dos Patifes e dos Estúpidos
O título deste artigo pode soar grosseiro à primeira vista, mas considerando a crítica real que ele propõe, não o é. No calor de uma indignação justa, tendemos a generalizações; aqui, é importante afirmar que se trata de uma estratégia retórica, não de uma verdade absoluta. Apesar das emoções às vezes nos confundirem, sei que a religião não é composta apenas de patifes e estúpidos, caso contrário, eu mesmo precisaria me incluir nessa categoria, assim como tantas outras pessoas sérias que, nesse campo, prezam pela verdade, pelo bom senso e pela inteligência.
Aqueles que me acompanham sabem que não tenho escrito ou falado muito sobre religião ultimamente. Tenho direcionado minha energia a outras áreas, como a filosofia, a psicanálise e o desenvolvimento de uma espiritualidade conectada a diferentes formas de saber. Contudo, como ser social, não posso me calar diante de certos absurdos.
Estamos vivendo uma época de absurdos exacerbados, e as redes sociais têm conseguido dar voz a toda espécie de estupidez. E é aí que os patifes se aproveitam. Com seus discursos vagos, enganam uma multidão que parece ansiar por tais enganos, explorando todas as pessoas e roubando-lhes o mínimo de decência intelectual.
Basta abrirmos nossos aparelhos eletrônicos e lá estão eles, destilando ódio contra vários grupos sociais e proferindo toda sorte de asneiras. Uma das últimas que ouvi, porque me enviaram (visto que não gasto meu tempo dando atenção a perversos), era de alguém a quem alguns chamam de “pastor”, atacando faculdades e centros de saber e reflexão, associando esses lugares ao desvio dos jovens da “fé”. Ele estimulava os pais a não colocarem seus filhos na universidade para não se tornarem “maconheiros e vagabundas”. Sim, isso era uma pregação dentro de uma “igreja”, onde o referido pastor lucra bastante. Ah, como eu gostaria de não ligar mais para isso! Afinal, às vezes parece que patifes e estúpidos se merecem, mas pensei se alguma alma ainda poderia ser salva desses lugares infernais, então decidi escrever.
Não, não se trata de abandonar a religião. Muitos religiosos não são inimigos do saber; aliás, a história da filosofia demonstra isso claramente. Trata-se de denunciar esses mercadores da fé. Nem sei se terei ouvidos para isso, mas, num ato de esperança, almejo que aqueles de dentro que ainda têm bom senso se levantem para demarcar a diferença, antes que não seja mais possível distinguir uma religião sadia desses ambientes que matam a inteligência.
Eu, de fora, continuo estimulando a rede de proteção contra esses sujeitos que só visam o próprio lucro e poder, os que Jesus de Nazaré chamou de lobos, filhos do Diabo, entre outros nomes que destacam que tais sujeitos sempre estiveram entre nós. Continuarei lutando para que jovens adquiram conhecimento suficiente para não serem enganados por esses seres desprovidos da real moralidade evangélica.
Que se abram mais universidades, que os jovens tenham mais acesso ao conhecimento, e que nada possa impedi-los de terem os olhos abertos e a consciência crítica desenvolvida, para deixarem de ser presas fáceis de líderes religiosos inescrupulosos.
Reflexões Finais
O estado atual das redes sociais, onde discursos de ódio e desinformação proliferam, é alarmante. Líderes religiosos inescrupulosos têm explorado essa plataforma para propagar mensagens de intolerância e ignorância, minando a importância do saber e da educação. Este fenômeno não só prejudica o desenvolvimento intelectual dos jovens, mas também desvirtua os valores genuínos da fé.
A história da filosofia e da religião mostra que muitos grandes pensadores eram profundamente religiosos e, ao mesmo tempo, defensores do conhecimento e da razão. Portanto, a verdadeira fé não é inimiga da educação; pelo contrário, pode e deve andar de mãos dadas com ela.
Denunciar esses mercadores da fé é um ato de responsabilidade social e intelectual. É essencial que continuemos a promover a educação e o desenvolvimento da consciência crítica, para que as novas gerações possam discernir entre líderes religiosos genuínos e aqueles que apenas buscam explorar a fé para benefício próprio. Assim, podemos esperar um futuro onde a religião seja um terreno fértil para o crescimento intelectual e espiritual, livre das garras dos patifes e estúpidos.
O Papel das Universidades e o Conhecimento
A educação superior tem sido um dos alvos preferidos desses líderes inescrupulosos. Universidades são frequentemente pintadas como antros de perdição, locais onde os jovens supostamente se desviam da "fé verdadeira". Esse ataque às instituições de ensino superior não é apenas uma tentativa de descreditar o conhecimento acadêmico, mas também de manter o controle sobre suas congregações, limitando o acesso a informações que poderiam desmistificar suas falácias.
Entretanto, a história nos mostra que o desenvolvimento do pensamento crítico e o acesso ao conhecimento são fundamentais para o progresso de qualquer sociedade. As universidades não são inimigas da fé; muitas vezes, são lugares onde fé e razão encontram um terreno comum para florescer. A filosofia, a teologia, a ciência e a arte, todas encontraram nas universidades um lar onde poderiam se desenvolver e interagir de maneiras produtivas.
A Necessidade de uma Espiritualidade Crítica
O desenvolvimento de uma espiritualidade crítica, que não se limita a dogmas e que busca a verdade através do diálogo com outras formas de saber, é crucial. Esta abordagem não apenas enriquece a experiência religiosa, mas também protege contra os abusos daqueles que utilizam a fé para fins pessoais. Uma espiritualidade que se engaja com a filosofia, a psicanálise e outras disciplinas promove um entendimento mais profundo e autêntico do ser humano e da sua busca por significado.
Conclusão
A luta contra os mercadores da fé não é nova, mas é uma batalha que deve ser constantemente renovada. Denunciar os patifes e estúpidos que se aproveitam da fé alheia é uma obrigação moral e intelectual. Proteger os jovens e proporcionar-lhes um acesso irrestrito ao conhecimento é um passo essencial para garantir que não se tornem vítimas de líderes inescrupulosos.
Continuemos a incentivar a abertura de mais universidades e o acesso ao conhecimento, garantindo que a educação e a fé possam coexistir harmoniosamente. Que possamos, com nossos esforços, iluminar as mentes e fortalecer os espíritos, criando um futuro onde a religião seja sinônimo de crescimento intelectual e espiritual, livre das garras dos patifes e estúpidos.